terça-feira, 5 de outubro de 2010
3.0 V8 Flex
Como o tempo é uma coisa tão relativa, ainda guardo lembranças de coisas que aconteceram a tantos anos como se tivessem passado apenas alguns meses, cheiros de comida feita no fogão a lenha que nem existe mais, o cheiro do mato molhado depois da chuva o cavalo cansado, o suor e a terra misturados com a nostalgia da primeira travessura, a ansiedade da primeira festa com as amigas, o primeiro beijo roubado, o primeiro dado com amor, o primeiro namorado, a inocência dos primeiros erros as descobertas frustradas por esperar um pouco mais, Dos sonhos que tive das coisas que vivi, das loucuras que passei a maior delas foi sempre ir em frente mesmo quando o mundo não estava a meu favor, e mesmo depois do fracasso rir me fazia bem. A ilusão de viver um grande amor eu também já vivi, sobrevivi a separação pra saber que não vale a pena esperar a felicidade em uma outra pessoa, aprendi que livros te fazem viajar no conforto de um sofá, e que o mesmo sofá já não é o melhor lugar da casa pra dormir, aprendi que pizza também já não convém no café da manhã, que cereais não é coisa de gente velha, que fibras vão além do carbono, já chorei compulsivamente na frente de um espelho, já quis me matar pelo menos 3 vezes, e quase morri de verdade em uma balada em Goiania, já fui muito irresponsável nesta vida, mas aprendi muito com isso, aos 20 eu achava que vivia o auge de minha existência, achava que coca cola e x-tudo bastava como refeição, remédio só pra eventual dor de cabeça depois da ressaca, aprendi a dançar nessa fase, fiz cursinho pré vestibular, vibrei quando passei em um, a vida de universitária que doce ilusão, aprendi a jogar truco e a beber tequila, fiquei um pouco mais segura sexualmente, comecei a namorar pessoas mais velhas e meu leito se tornou enciclopedico, aos 25 mudei de curso odiava exatas e odiava turismo também, sem família e emocionalmente instável fui conhecendo a noite e tudo que as sombras escondem, criei um monstro em mim apenas pra me proteger pois preferi muros ao invés de pontes, me esconder era mais fácil do que aceitar que estava com problemas.... o tempo passou e quase nada mudou, ainda tenho muros, ainda tenho problemas, mas meu leito é um pouco mais seletivo assim como o que eu bebo, minhas frustrações são ainda mais visiveis na face escondida pela maquiagem, passei a me interessar por outras coisas conheci outras pessoas, umas o destino escolheu pra cruzar o meu caminho, mas as atitudes decidiram quem ficou, uma mistura de desejo com ansiedade, foi assim que cheguei aos 30 anos, que venham outros 30 pra poder compensar o que ficou sem acabar, que eu viva o suficiente pra me arrepender de saudade e não da mágoa de um talvez.
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Um comentário:
É claro que as aparências sempre enganam e na grande maior parte das vezes nos esquecemos que sempre há um brilhante que se oculta não apenas por entre gigantescos muros mas também por uma simples camada de sorriso inexistente...E é aos 30 que se pode perceber que ainda é possível viver mesmo com as tormentas diárias e que ainda se pode amar...
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